segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Angular

 Hoje eu olho para a folha trançada de coqueiro e me lembro de você

Como as pedras empilhadas, a sensação é de que alguém esteve aqui antes

Alguém olhou para o que eu não vi


Eu não sabia que a força do vento que me guia

Também tem tempo para pregar peças

Natureza estranha


As coisas mais fortes do universo também podem ser delicadas

Também podem ser frágeis ou vulneráveis

E ainda assim fortes


Um novo ponto de vista

Uma percepção de outro ângulo

O mundo inteiro em caos

E você vê a folha e sorri

segunda-feira, 12 de agosto de 2024

heavy

Eu juro que estou tentando 
Cuidar de mim
Cuidar de todos
Mas toda vez que eu começo a respirar,
Algo me empurra pra baixo

Eu sei que todos têm sua prioridade 
Muito mais preocupações e cansaços que eu
Ainda assim, está difícil 

Ficar ouvindo tanto 
Sem poder fazer nada
É deprimente

O dia todo
De todo mundo

Eu só sirvo para servir mesmo

terça-feira, 21 de maio de 2024

RECAPITULANDO

Eu acredito que tenha começado em 2021. Pelo menos as crises mais fortes. Eu lembro do aniversário da Beatriz, em outubro, que foi em Sana. Lembro que eu ainda conseguia andar, mesmo que por pouco tempo. Depois piorou, entre outubro e o natal. Eu lembro que no natal eu estava melhorando e conseguindo ficar sentada por uns 30 minutos antes de voltar chorando de dor para a cama. Nesse meio tempo foi a pior parte. Eu já não lembro exatamente o que desencadeou a crise do ciático, mas foi a mais forte todas. Durante esse tempo, eu quase tive que entrar pelo INSS. Não conseguia ficar em pé e nem sentada e, durante quase uma semana, nem deitada também. Mas, como não existia outra posição, era deitada chorando mesmo que eu ficava. Lembro na mesinha de cabeceira cheia de remédios diferentes e nenhum fazia nem cosquinha na minha dor. Das madrugadas sem conseguir dormir, enlouquecendo. De como os cotovelos ficaram feridos, porque a posição que menos doia era de bruços e eu ficava apoiada neles para conseguir ver alguma coisa no celular para me distrair. Eu lembro de comer com a cara quase dentro do prato, que nem um cachorro. Lembro de ficar sem lavar o cabelo porque eu só conseguia tomar 1 minuto de banho. E lembro de que tinha que parcelar o número 2 por não conseguir ficar sentada no vaso. Foi uma época trevosa.
No ano novo eu lembro de ter ficado feliz por ter conseguido ficar em pé para cantar uma música, mas demorou muitos meses mais para a dor "passar".

Infelizmente, isso tudo teve que acontecer para eu aprender a cuidar de mim. A fisioterapia se tornou pilates, o pilates se tornou musculação e a musculação, por sua vez, está se transformando aos poucos (bem poucos) em uma alimentação saudável. Tem sido um processo longo.

Então, acho que eu estou escrevendo tudo isso para me lembrar de não desanimar. Quando eu fico alguns dias sem nenhuma atividade física, a coluna começa a ficar dolorida. Isso certamente é um ótimo despertador. Mas, sendo uma pessoa normal, eu queria voltar no tempo. Para um tempo em que eu era magra e sem hernia de disco. Ou, queria que isso acontecesse agora por mágica e não por esforço. Eu não estou muito acostumada a me esforçar. É uma verdade escrota, mas é uma verdade. Acho que faz 1 ano e meio que eu estou na academia agora. Se bem que no início eu não ia todos os dias e nem fazia todos os exercícios da série. Tive um começo bem suave mesmo. Há 1 mês eu mudei de academia, comecei a fazer todos os exercícios, cardio todos os dias e também pelo menos 1 aula das coletivas por dia. Então acredito que em algum momento eu vá ver algum resultado estético. Mas é demorado.
É justo ser demorado também. Eu não estou fazendo nenhum sacrifício. Ainda como tudo que me dá vontade.
Eu sei disso porém eu não sinto isso. 
Queria que emagrecer fosse mais fácil...

segunda-feira, 22 de abril de 2024

autocuidado

Muitas pessoas me veem como mimada. Todo mundo fazendo tudo que eu quero. Mas o que eu peço?

Acho que é natural focar em quem precisa de ajuda e deixar quem sabe se cuida de lado. Aliás, eu faço isso também!

Mas estando do outro lado, eu me sinto esquecida.

terça-feira, 16 de abril de 2024

Chorando de barriga cheia, para variar

 Eu queria poder reclamar das tristezas que me causam angústia, mas não posso. Sei que não seria justo com você.


No fundo, eu sei que você não me deve nada. Depois de tantos anos distante, vivendo em outro mundo, eu me sinto culpada e negligente. E, agora que voltei, crio essa expectativa em estar perto e compensar o tempo perdido. Mas as coisas não funcionam dessa forma. Agora é você que está longe, passando pelas coisas que precisa passar.


É difícil lidar com meus sentimentos egoístas. Eu fiquei triste porque você não estava quando cheguei. Eu julguei o motivo de você não estar, pois preferiu ficar bebendo em outro lugar em vez de me apoiar. Eu estava nervosa, em crise. E fiquei magoada por não encontrar em você o que eu precisava.


Mas eu também entendo. Entendo que eu posso sentir o que eu quiser e que o problema é meu. Entendo que tenho que te dar o espaço para tomar as suas decisões.


Eu só…


Eu só sinto saudades. É basicamente isso. 


Geralmente, quando a pessoa está bem, não recebe tanta atenção, pois não precisa. Existem outras coisas que se tornam prioridades. E eu não posso reclamar, pois faço isso também. Sei que existem diversas coisas mais importantes que eu, mas não é fácil sentir isso.

No fim, eu só queria desabafar um pouco enquanto espero, na esperança que um dia as coisas voltem a ser como antes.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Paper girl

Os cabelos castanhos esvoaçantes. Os lábios desenhados em vermelho. Um sorriso de encantar multidões.

Além da força do seu olhar, que funciona como um imã através do bar lotado.

Eu deveria ter te conhecido anos antes, não fosse a vida ser como é. 

Quanto tempo passou para que eu descobrisse que a sua delicadeza parece com a minha. 

Que você é tão encantadora sóbria quanto quando o alcool te deixa doidinha. 

E eu apenas observo e penso o quanto você parece uma musa da qual as pessoas escrevem livros.

Você tem aquele jeito meigo que mal conheço e já conheço tanto; aquele jeito que transborda poesia.

Aquele jeito que quero continuar conhecendo.

terça-feira, 10 de outubro de 2023

Sobrecarga

 Ele tinha razão.

O que eu sentia era sobrecarga. Um peso nos ombros de tanto tempo sustentando acontecimentos dolorosos.

As lágrimas que não caíram começaram a transbordar pelos polos. A respiração estava pesada. 

Eu precisava chorar.

É muita falta. Muita perda. A vida não é fácil o tempo todo.

E como me sinto melhor hoje!

quinta-feira, 5 de outubro de 2023

Boa noite

Estou com sono.

Esse maldito me seduziu no meio da noite.

Tá bom. Ainda não era nem meia noite. Mas estava deitada, pijama recém lavado. Dentes escovados, fio dental e enxaguante bucal. Hidratante de lavanda e camomila. Barriguinha quente e preenchida de uma refeição gostosa. Aconchegada nos cobertores com ventilador já posicionado.

Ele vem e me beija. 

Eu tento argumentar. 

Ele coloca caramilholas na minha cabeça para eu lembrar como é bom.

Dormir relaxados.

Eu tentei fechar os olhos e dormir. Mas o conforto se transforma em desconforto. As partes pulsantes do corpo te desejando. Os pensamentos impuros.

Dane-se a lavanda e a camomila.


Velhice, família e tudo mais

 Parece que a felicidade me alcançou. A paz no espírito, a constância acompanharam ela. E não me entenda errado, porque não é uma reclamação. Parece que agora eu sou adulta. Que o que me fazia escrever, o que me trazia os sentimentos mais artísticos e intensos era uma insatisfação da juventude. Nada mais me atormenta. Vivo uma vida de sonhos, casa aconchegante, amizades verdadeiras, amor real. Mas eu não posso me esquecer da minha alma de poeta e eu não posso esquecer de produzir algo. De procurar algo. Eu não posso só existir e ser feliz.

É só que às vezes parece que não existe mais a galera do blog e ninguém se importa.

quarta-feira, 28 de junho de 2023

F.A.J.

 Meu pai sempre me pareceu uma pessoa sábia, como já disse muitas vezes. Eu só não sabia ainda que a sabedoria é constuída pelas lições que a vida nos dá.

O ruim é que a gente aprende muito mais com a dor do que com o amor, o que me faz pensar em quantas vezes ele sofreu.

Quando conhecemos alguém, podemos ter a imediata certeza de que terá um fim. Apesar de não sabermos o tempo preciso que irá durar, todas as coisas estão destinadas a acabar. E mesmo assim aceitamos conhecer e nos permitimos a aproximação. 

A gente costuma nem pensar no fim, mas depois dele precisamos avaliar se valeu a pena, certo?

Porque a dor que temos é sempre proporcional ao sentimento que tínhamos pelas pessoas que se vão. Essa dor é o preço que pagamos pelas marcas que elas deixaram em nós.

Eu sempre acho que o preço vale pois sou muito grata pelas experiências que vivo e hoje tenho a certeza de que todas as coisas são temporárias.

Os acontecimentos ruins podem nos construir ou destruir e eu não sei dizer se são caminhos que nós escolhemos ou simplesmente acontece. Mas eu sinto que tenho me construído de uma boa forma, mesmo ciente de que não vou me sentir bem todos os dias.



Ana Paula

Fernando

Humberto

Bira

Fernando

Ney


Obrigada