Hoje eu acordei me sentindo completa. Eu, que já tinha me acostumado a acordar pedaço. Respirar e viver como um caco de gente. Perder minha mesmice no ópio. Mergulhar minha cabeça em álcool. Eu, que sempre adorei estar só, me escondi em tumultos; evitei o silêncio. Ignorei a inspiração. Usei a boemia como distração.
Hoje... hoje não.
Hoje eu vejo na chuva uma razão para escrever. A cabeça ainda no travesseiro, mas a luz não incomodou. Transbordei em mares de poemas a serem escritos, usei minha pele de rascunho. Senti o coração batendo e esquentando o sangue.
Hoje acordei sorrindo para o teto. Sentindo o conforto da mantinha macia. Estiquei o corpo até os pés saírem da cama. Só para senti-los mais quentinhos retornando para a coberta. Tomei café na sala, luzes apagadas e cortina fechada. Sem série. Sem música. Apenas comi sem algo que roubasse minha cabeça do momento que vivo.
Meus olhos emocionados. Meu corpo querendo pular. Mal posso conter o sorriso.
Hoje eu, que estava perdida, voltei.
sexta-feira, 4 de novembro de 2016
quinta-feira, 3 de novembro de 2016
Paz
Avistei-a nua.
A janela aberta.
A mão relaxada sobre o parapeito. E o peito exposto para a noite.
Noites de verão são frescas, ela pensou. Um banho relaxante e qualquer brisa separa a alma do corpo em projeção astral. Observava o sereno porque era como sentia-se. A alma lavada nas gotículas de orvalho que antes encontravam suas rosas, não mais existentes. O jardim estava ressecado, mas trocou as flores por temperos. Trocou algo que escolhera baseado em sentimentalismo para achar o útil: gostar daquilo que faz bem.
Então, a vida tornou-se carrossel. Voltas e voltas, sem parar, de luzes, música temática, cheiro de pipoca e gosto de algodão doce. Até era cansativo, de vez em quando - nunca parar. Mas também era o que trazia conformidade.
Até o tão esperado momento em que olhar através de uma janela fosse suficiente para reafirmar a paz. Aquela sensação de que você encontrou um amigo querido e distante que você mesmo se torna enquanto apenas sobrevive. E a temperatura parece perfeita. E o tom negro da noite parece o ideal. E o silêncio te preenche sem causar nem um pingo de solidão. E como é bom ter paz.
A janela aberta.
A mão relaxada sobre o parapeito. E o peito exposto para a noite.
Noites de verão são frescas, ela pensou. Um banho relaxante e qualquer brisa separa a alma do corpo em projeção astral. Observava o sereno porque era como sentia-se. A alma lavada nas gotículas de orvalho que antes encontravam suas rosas, não mais existentes. O jardim estava ressecado, mas trocou as flores por temperos. Trocou algo que escolhera baseado em sentimentalismo para achar o útil: gostar daquilo que faz bem.
Então, a vida tornou-se carrossel. Voltas e voltas, sem parar, de luzes, música temática, cheiro de pipoca e gosto de algodão doce. Até era cansativo, de vez em quando - nunca parar. Mas também era o que trazia conformidade.
Até o tão esperado momento em que olhar através de uma janela fosse suficiente para reafirmar a paz. Aquela sensação de que você encontrou um amigo querido e distante que você mesmo se torna enquanto apenas sobrevive. E a temperatura parece perfeita. E o tom negro da noite parece o ideal. E o silêncio te preenche sem causar nem um pingo de solidão. E como é bom ter paz.
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