Então ela o viu. E, imediatamente, o que havia antes perdeu a importância. Como se a figura masculina parada diante dela fosse destacada do restante do ambiente, ressaltando seus contornos e roubando toda a cor do cenário até deixá-lo em tons de cinza. "Perfeito demais para estar tão perto". Mas, já que perfeição pertence apenas ao desconhecido, a descrição tornou-se simplesmente não literal. Pensou em falar com ele, mas não saberia o que dizer. Ou, talvez, não quisesse estragar a beleza da cena congelada.
Milhares de hipóteses percorreram sua mente numa sobreposição que parecia infinita - contando a distância em tempo que faltava para ver o fim. Não queria imaginar que ele podia não ser tão legal quanto parecia. E, na tentativa de não denegrir o status, optou por unicamente observar enquanto ele seguia seu curso, entrando no ônibus de viagem.
Ele sentou na janela e ela no ponto de frente para ele. Tão perto em distância porém tão longe por falta de movimento. Pensou em como seria mandar um bilhete com seu número de forma anônima. Redigiu conversas misteriosas e provocantes mentalmente.
O motorista virou a chave na ignição e o barulho do motor despertou-a do transe. Não escreveu. E o ônibus se foi.
O medo de estragar as coisas a impediu de seguir em frente mas, no final, não possuia algo para proteger ou preservar. O que queria deixar de perder se já não tinha nada? E essa é uma história sobre antecipação: o medo de perder aquilo que conquistou antes mesmo de tê-lo feito.
quinta-feira, 20 de junho de 2013
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