domingo, 31 de julho de 2016

Distracting

Distrações funcionam, mas não funcionam indeterminadamente. Uma hora chega a verdade, a memória. Não batem na porta. Ignoram a campainha. Não se importam com meu sono.
O tempo passa e eu não sei o que magoa mais.
Traição em si ou descobrir que você não faz ideia de quem era aquela pessoa te traindo.
Acho que a primeira opção será curada com o tempo. Já a segunda... acho que a segunda só vai ter um gosto mais forte depois de ser conservada num barril de carvalho, para que eu nunca pare de apreciar. E por apreciar quero dizer relembrar e amargurar.
Eu não gosto de postar essas coisas aqui. Provavelmente, vou pagar tudo quando esse tempo passar.
Mas não posso continuar ocupando os ouvidos amigos. Além do mais, ninguém nunca me entendeu melhor que eu mesma refletindo através da escrita.
Se eu pudesse voltar no tempo, diria que você não precisava fazer isso, sabe? Existem outras formas de me machucar. Você poderia ter simplesmente ido embora. Não precisava ter botado em dúvida meu senso de julgamento construído por três anos.
Eu costumava me gabar sobre você não ser como outros homens. Tão comuns e desrespeitosos. Era um orgulho.
Quão errada eu estava.
Você se foi e o questionamento ficou.
Não fui bonita o bastante?
Engraçada o bastante?
Atenciosa o bastante?
O que foi que diabos faltou?
Porque eu posso não ser a melhor pessoa do mundo. Mas eu costumava ser mais do que você, pelo menos. E nem por isso eu te magoei.

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Lies

Queria. Queria entender o que fiz para que você fosse embora. Afinal, se tudo que fiz não foi o bastante então não há mais o que fazer. Restam os livros e adquirir um gato. Aprender a gostar de gatos talvez. Não que eu desgoste. Mas não gosto também. É neutro.
Quando te conheci pensei que era uma alma boa porém perdida. Precisando de ajuda. Um olhar seu e eu não queria sair de perto. Tentei te iluminar e acolher. Trazer para o meu mundo alegre e simples.
Ah, mas a memória falhou. Esqueci que você sempre foi, é e será uma pessoa.
E pessoas vão embora, é sua natureza.
Pessoas são frágeis. Humanos... tentados facilmente. Felizmente, nasci robô.
Mas queria aprender e entender como você fez o que fez. Afinal, só me restam hipóteses e nenhuma delas me faz bem.
Aliás, nada me faz bem.
Ter que fugir, bloquear, excluir. Temer entrar em redes sociais e achar uma foto sua estampada.
Porque eu tentei observar. Buscar nessa distância algum sinal de que você me amava ou sentia minha falta, e não consegui ver.
Penso em visitar teu blog, por exemplo. Mas sei que qualquer coisa que eu possa achar só vai me fazer sentir pior.
Todas as coisas boas ficam apenas na minha cabeça.
Só é difícil pensar em coisas boas achando que tudo pode ter sido mentira.

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Jeito de lidar

Jeito de lidar é a desculpa do século. Você pode fazer o que quiser, agir conforme lhe convém, e se alguém te questionar, você diz que é a sua forma de lidar.
É uma maneira incrível de agir de um jeito e dizer outra coisa.
Qualquer um pode tentar argumentar comigo, mas sabe o que eu enxergo:
- por que você não tirou o lixo?
- porque é minha forma de lidar com ele. Mas eu queria muito tirá-lo de lá.
Se você quer / pensa / sente alguma coisa, aja de acordo com isso.
Caso contrário, falar é muito fácil para ter alguma validade.

quinta-feira, 21 de julho de 2016

They are not you

As pessoas passando aqui na frente, elas não são você.
E quem é você?
Sofro com a saudade pensando em quem amo. Mas se o que você se tornou não é nada disso, por que sofro? Por que tenho essa dificuldade de desvincular meus sonhos e achismos da realidade?
Eu preciso falar com você, mas falar com você me machuca mais.
Eu preciso de algum sinal de que você sente minha falta para comprovar que o você que eu amo existe, mas não existem sinais.
Existe eu sozinha. Duas horas da manhã. Semi alcoolizada. Debruçada num caderno e numa tentativa frustrada de estudar.
O que existe é ter que registrar esses momentos humilhantes de fragilidade para não ter que desabafar pela milésima vez com cada um que eu conheço, para evitar que as pessoas cansem de mim como você fez.
O que mais me irrita pensar é no quanto as pessoas não pensam. São inconsequentes, agem por impulso e de forma egoísta.
E o que mais me acalma é saber que eu jamais faria o mesmo.

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Distração

Toda diversão nesse momento funciona como distração: eu posso rir, mas quando chego em casa é tua falta que sinto. Como se não me bastasse a felicidade que eu tenho e para ser completa precisasse da tua felicidade também.
É diferente ir deitar sem o beijo de boa noite e acordar várias vezes para se aconchegar cada vez mais. Você costumava me segurar tão forte enquanto dormia. Talvez por isso eu tivesse a impressão de que nunca me deixaria ir embora, que eu faria alguma falta. Hoje percebo que não faço. Mas tenho dificuldade em deixar morrer essa imagem de nós. Porque, quando lembro dela, vejo seu sorriso ao acordar comigo. Vejo o quanto nos transformávamos em felicidade depois de passar tempo juntos. Será que era tudo imaginação minha?
Todas as vezes que você disse que mudou e se tornou uma pessoa melhor... por que você está voltando atrás? É como se você tivesse voltado no tempo, para as eras da bebedeira que dizia não mais pertencerem a você. Acho que eram apenas palavras. Mas, por favor, não se destrua. Cuide daquilo que não cabe mais a mim cuidar.
Enquanto isso vou me distraindo. Não sei fingir que estou bem, mas posso desabafar da forma que sei melhor: jogando os sentimentos bobos nas letras que sempre me refugiaram, falando sozinha nesse blog que já viu o pior e o melhor de mim.

terça-feira, 19 de julho de 2016

All kinds of suffering

Eu sempre preferi dirigir de madrugada. A sensação de vazio à frente na pista. A falta do calor de qualquer humanidade por toda a volta. O escuro e a melancolia. De certa forma, contrasta com como me sinto. Não em tudo. Afinal, escuridão nesse momento não me falta. Mas de humanidade sinto-me cheia. Como se o que há em mim bastasse.
Essa sentimento me leva para muito longe de onde queria estar. Raiva era o que eu estava procurando. Desejo odiar. Difamar o teu nome. Mas, como disse, a pista está vazia; não há ninguém para escutar. Além disso, não conseguiria o fazer. Não conseguiria desrespeitar um segundo do que vivemos, independente da recíproca.
A noite representa até onde consigo enxergar agora. Estou perdida.
Acho que não é fácil esquecer um amor. Principalmente quando ainda amamos.
Mas ter que lembrar que este amor está apenas em mim, dói.
Ter que imaginar como está sendo para ele me esquecer, dói. E doeria de qualquer forma. Se ele estivesse mal por isso, doeria empaticamente, porque se tem uma coisa que fiz nesses últimos tempos foi tentar afastar qualquer ferida. Sem sucesso.
Se ele estivesse bem, também doeria de saber que sou facilmente "esquecível".
A verdade é que eu não deveria me importar, mas me importo.
Não deveria sentir saudades, mas sinto.
Mas, como não há nada que eu possa fazer, só me resta dirigir e esperar tudo passar.