Lembro de ver a lua pela janela quando tudo começou. Um beijo tímido, futuramente úmido, preencheu meus lábios, contornos pendentes. E a carne neles tornou-se vermelha, mordida. Mesmo sem voz, conseguiu chamar meu anseio. O calor recebido virou troca. Pude jogá-lo para baixo de mim e deslizar em suas formas; transportar as unhas do começo ao fim de sua existência, só para provocar reações químicas. O corar da tua face revelava segredos enquanto os olhares transbordavam mistério. Queria lê-lo com a língua e amar cada medo.
Uma batida lenta embalava cada toque, parecia dar o tom certo para o arrepio. As mãos se encontraram, se prenderam, se colocaram com força contra o lençol. O suor da pele molhada fazia com que os corpos se perdessem. No tempo. Na dança. Um no outro.
A visão era turva. A luminária azul ressaltava apenas o brilho do movimento, do corpo suculento, se guiando num contrapasso que, intermitente, intercalava os ritmos e trazia embriaguez.
Não respirávamos. Apenas inspirávamos o perfume um do outro, exalando cada vez mais forte da pele aquecida.
E então o sol começava a nascer, revelando os sorrisos, olhares satisfeitos. Deixando que a brisa refrescasse a sensação trêmula, exausta. As juras não se fizeram necessárias. Ou qualquer palavra que definisse ou explicasse. A conexão havia sido estabelecida. O compromisso em trazer a felicidade sincera para o amado era simples e natural.
A pele sensível presa num abraço infinito e eles dormiram, sem apagar a ideia de que tinham um ao outro.
quinta-feira, 2 de janeiro de 2014
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