domingo, 4 de agosto de 2013

Infinito

Eu te quero hoje. Mas talvez não amanhã. E como seria estar com você por um tempo que não fosse eterno?
Assim como a constituição de uma personalidade, a vida em si tem muitas características. Uma delas, a incrível temporalidade das coisas, move prioridades e pessoas na linha de tempo constantemente. E como almejar apenas um alvo enquanto desejamos tantas coisas paralela e plenamente? Organizando sonhos em categorias: a única forma de não lidar com a difícil escolha entre eles.
Estamos acostumados a separar a vida amorosa da carreira, dos estudos, do individual e mais quantas segmentações conseguirmos criar para não nos sentirmos traidores dos objetivos que já temos. E dentro dessas definições escolhemos o emprego dos sonhos, o parceiro ideal, o curso que queremos seguir, o desenvolvimento dos hobbies e melhoria das aptidões pessoais, para exemplificar.
Mas e se tivéssemos que confrontá-las? Estabelecer para nós mesmos apenas um objetivo de vida? Quantos estariam dispostos a abrir mão do trabalho perfeito por um amor recém adquirido? A desistir da faculdade para criar uma criança ou deixar o coração de lado para construir uma carreira de sucesso? É quase impossível localizar alguém que nunca tenha tido que fazer escolhas para estar onde está. Mas decidir não é o problema (apesar de ser a parte mais cruel) porque, aparentemente, uma vez eleita, a prioridade é capaz de compensar todas as coisas que você deixou de lado em nome dela. Pelo menos por um tempo.
E se eu quiser não definir uma prioridade? Ou, ao menos, tomar a liberdade para sê-la. Estaria livre para perseguir todos os sonhos ainda que talvez não tivesse nenhum profundo o suficiente para trazer o sentimento de completude da alma. Seria esta a única forma de não permitir a estabilidade tediosa pronta a me acompanhar até o fim dos meus dias, a única maneira de me manter realmente viva. Como se "estar em movimento constante" fosse realmente viver.
A sensação que tenho é como se o conhecimento sobre a vida, o universo e tudo mais fosse transformado em sinapses e então existe um imensurável engarrafamento em minha cabeça quando tento imaginar a grande distância entre ter o espírito livre para pensar ou algo palpável para chamar de meu. Como proveito da dúvida, posso apresentar as muitas perspectivas da história.
Não escolho a liberdade porque quero de fato perseguir mais de um sonho ao mesmo tempo. Antes disso, não saberia do que abrir mão. Ainda, posto que não sei qual seria a prioridade de minha existência, opto por não cultivar nada, tratando tudo como possibilidade.
É necessária muita coragem para chegar lá. Mas aposto que vale mais a pena tomar uma decisão, mesmo perdendo algo, do que ser responsável pela sua própria perda em um universo infinito de hipóteses e falta de posses.

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