quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Sun

 Às vezes eu acho que não me expresso tão bem pela fala quanto gostaria. A escrita sempre foi algo muito mais natural e por isso parece que seguro muito meus sentimentos até que tenha a oportunidade de escrever.
Também por isso às vezes sinto minha reação fica um tanto congelada quando recebo determinadas notícias, especialmente as que eu não queria receber.
É muito difícil pensar numa perda proeminente. E muito difícil manter a esperança em tempos difíceis.
Parece que a vida já me abençoou com tanta sorte que eu nem tenho direito de pedir mais nada. Mas eu queria. 

Sonhei tanto em ter você de volta ao nosso grupo. Sonhei que amanhã estaríamos comemorando seu anivesário e sua cura. Conversando até muito tarde, sempre tendo boas indicações de filmes! Tem coisas em você que não tem como não admirar. O seu respeito às outras pessoas, mesmo com pontos de vista diferentes. Sua maturidade. Sua capacidade de expressão. Mas nesse momento a que eu quero que você mais use é sua força de vontade. Você sempre teve que lutar muito na vida e sempre foi vitorioso. Por favor, não desista, soldado! Te aguardamos de volta.

sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Parece afogamento

 A sensação que eu tenho de vez em quando em relação à vida é que estou andando em circulos. Parece que eu estou perdida numa floresta sem migalhas. Não sei se é algo que faz parte de mim me sentir tao mal em determinados momentos, que chamo de crises. Mas também não vejo muita solução, simplesmente me martirizo até passar.
Me sinto sem ar. Sem esperança. 
Será possível passar uma vida inteira sem conseguir um trabalho no qual eu possa ser feliz?
Por que será que é tão difícil encontrar pessoas como eu?
E eu tenho pessoas boas em minha vida, pessoas confiáveis, pessoas amigas.
Mas não posso evitar me sentir diferente de vez em quando. Distante. Desconexa.
Pacere que quando mais penso sobre isso, mais meu pensamento vaga e vai indo embora para outra galáxia e às vezes é difícil voltar. Difícil reencontrar um caminho que faz sentido.

sexta-feira, 2 de julho de 2021

Quem comprou meu admirável mundo novo?

 De tempos em tempos, não sei ao certo com qual periodicidade, é montada uma feitinha de livros itinerante na praça da cidade. Diferente de uma livraria, que possui separações muito bem definidas e organização por autores, a feitinha é um mar de livros sem fim; um labirinto de gêneros misturados que aprisiona os desavisados leitores até o fim dos tempos, na tentativa de encontrar algo especial.

Encontrei uma cópia do Admirável Mundo Novo um tanto surrada, empoeirada e despencando. O Admirável Mundo Novo é um clássico, desses sobre futuro distópico que eu tanto adoro e poderia explicar melhor se eu tivesse de fato lido. Agora entramos onde de fato quero chegar: ao perguntar para o vendedor se havia outra cópia, ele disse que apenas uma, mas que fora comprada mais cedo.

Como eu queria saber quem comprou meu admirável mundo novo! Talvez fosse alguém esquisito como eu e eu não me sentisse tão só em minhas peculiaridades. Talvez exista um outro eu andando pela minha cidade, então por onde andaria? Que tipo de lugares frequentaria? Será que está próximo e eu não sei? Ou seria alguém que nunca conhecerei?

É claro que é melhor não saber, afinal o desconhecimento me trás a oportunidade de não descobrir que na verdade este ser não tem nada em familiar comigo, comprou apenas para fazer uma odiosa atividade da escola. Vai saber! Prefiro acreditar que existe uma outra Roberta por aí.

sexta-feira, 4 de junho de 2021

Vou casar

 Vou casar e tenho muitas dúvidas.

Não sei se as flores estarão frescas e nas tonalidades exatas. Se as músicas estarão adequadas. Vai que o DJ resolve colocar pagode? Se os convidados chegarão com pontualidade. Se eu poderei entrar com pontualidade ou se terei que esperar. Se a maquiagem vai borrar antes do tempo ou se o vento vai desfazer meu cabelo. Se os padrinhos estarão lá. Se a comida será servida na temperatura certa. Se o chopp ficará com o gosto exato da Porter do destino pela qual nos apaixonamos. 

Será que vai chover? Será que vai dar tempo de gelar as bebidas? Será que a pandemia vai permitir a data marcada ou vamos ter que adiar? Será que a quantidade de convidados será suficiente?
Quantas pessoas irão?

O que será que vai me estressar no dia? Por mais que eu esteja repetindo um mantra mentalmente de que é somente mais um dia e que eu não posso depositar muitas expectativas, eu me conheço. O que será que vai dar errado?

Será que minha mãe vai achar o penteado feio? Será que o vestido vai sujar? Como vou ao banheiro dentro daquela saia bufante e pesada? Será que eu vou conseguir comer e beber? Será que as fotos vão ficar boas? Será que vamos conseguir tirar as fotos brevemente para poder aproveitar a festa?

Vou casar, tenho muitas dúvidas e são todas bobas. É uma festa apenas, uma cerimônia para registrar algo que já sentimos. Algo que pretendemos continua sentindo. As coisas vão dar errado. Talvez não todas, mas eu sei que vão. Só que nada disso muda o principal. Nada disso muda o fato de que nenhuma das minhas dúvidas é sobre o noivo. Nenhuma das minhas dúvidas é sobre o caminho que escolhi. 

Queria que todo mundo tivesse a oportunidade de ser amanda como eu sou e de poder amar uma pessoa incrível que merece tudo isso. Todo estresse que a gente tiver que aguentar no dia do casamento, vai valer a pela se a gente diluir pela quantidade de dias que estaremos juntos.

terça-feira, 1 de junho de 2021

G.

 Moça, eu jeito me encanta

O cabelo suave balança

Enquanto contempla o mar.


A leveza constante

O perfume da alma

Entre as notas mais raras

Queria poder multiplicar


Moça, teu brilho me encanta

Renova a esperança

Em uma humanidade esquecida


Me faz querer dizer obrigada.

Me faz querer dizer que sorte a minha.

segunda-feira, 10 de maio de 2021

Saúde.

Saúde foi a última palavra que me disse. Na noite de sábado postei uma foto de taça de vinho. 10h da manhã de domingo você me respondeu. "Saúde".
Saúde foi o que você me disse porém talvez precisasse ouvir. 

Eu não consigo descrever a dor de perder alguém.
Mas tentando, diria que essa dor não é como a de uma ferida. Superficial, com milhões de possibilidades de curativos; que uma hora sara. Não é isso. É como estar dolorido. É algo de dentro que você não sabe muito bem de onde vem. É uma dor incômoda que não permite que você faça nenhuma das outras coisas, sem ficar incomodado.

Perder alguém de súbito é cruel e uma dor que já me é familiar, infelizmente.

Não consigo descrever como será estar em casa sem ouvir as músicas na janela ao lado, sempre muito bem selecionadas. Como será a falta de luz sem ouvir os acordes do violão à luz de velas. E falta tanta luz lá em casa! Não vamos ter mais os escambos de receitinhas deliciosas e um cheiro maravilhoso que invadia minha casa, provocando minha dieta.

Antes de nos conhecermos deixei um bilhetinho por baixo da porta, te alertando que havia uma aranha enorme em sua roupa no varal. Fiquei com medo de te picar ou causar alguma alergia. Me senti muito idiota por deixar esse papel, e quase não fiz. Para minha surpresa, você guardou. Junto da aranha num potinho de vidro. E me mostrou meses depois. Quem faz isso? Eu faço isso! Mas eu não imaginei encontrar alguém que pusesse tanto valor em uma lembrança assim, como eu gosto de fazer para demonstrar o quanto me importo.

Você deixou ontem a falta de um sorriso sempre simpático. Sempre gentil. 

Seu silêncio vai fazer muita falta. Humberto! 

Mas eu sei que no fundo todas as coisas têm uma razão. A gente só não conhece. Não entende. Então se foi desse jeito, eu confio que tenha sido por um bom motivo. Tenho certeza que a sua presença fez a diferença em muitas vidas. E a sua missão deve ter sido concluída com sucesso.

Obrigada!