sábado, 15 de novembro de 2025

People pleaser

Aconteceu novamente.
As páginas do livro se conectaram com a realidade, através da manifestação de um novo NPC.

Ela disse para mim que eu me preocupo demais. Que eu estava cantando com medo de não gostarem. Que eu estava escrevendo com medo de acharem ruim. Que eu deveria me libertar dessas preocupações e só fazer.

Parece simples, mas ao mesmo tempo fazer com o medo que sinto já é um esforço tão grande! Continuo fazendo porque gosto, pagando o preço necessário.

Eu sei que algumas pessoas não têm esse custo e eu as admiro.

Mas é nesse momento que eu entro nas páginas de hoje. A necessidade incontrolável de fazer as pessoas gostarem de mim. Muitos diriam que eu não tenho isso, porque aprendi a demonstrar muito bem meus gostos e desgostos e a estabelecer limiter. Porém, é mais profundo que isso e as partes mais vulneráveis de mim ainda são vampiras e se queimam com a exposição ao sol.

"You're such a strange girl

I think you come from another world

You're such a strange girl

I really don't understand a word"

É como me sinto sempre que eu penso sobre os que os outros devem pensar de mim. E a realidade é que nem devem pensar e eu deveria sim me preocupar menos.


terça-feira, 11 de novembro de 2025

Diferenças entre canônes e canollis

Por que eu sinto isso?

Como se eu estivesse boiando abaixo da superfície.

A água faz uma pequena película de distorção, como um filtro de cor, e tudo fica desconexo e confuso.

Uma outra realidade, escondida atrás das sombras mas sempre à espreita.

O tempo todo à uma curta distância, ao alcance dos dedos, mas presa na distância do horizonte.

É como o acordar. Por poucos segundos:

 Você sabe

Você lembra

Você não entende

Você não tem mais.

Para onde foi e o que era?

Eu me sinto naturalmente entorpecida. 

Passo por uma núvem espessa na janela de um prédio alto na serra, e é só água e frio.

Para onde foi a estrutura dela e os sonhos de algodão doce?

A materialidade inventada pela mente - ela mente e não se comprova.

Por que eu sinto que tem algo mais que eu não estou vendo?

Por trás desse espelho, que talvez não seja espelho, seja Alice.

Pelo inverso dessa melodia, que talvez um código secreto de Mozart para acessar o mundo ao contrário.

A conspiração respira no meu cangote e ri da minha cara, pois não adianta procurar por um sentido, pois não há.

Então porque eu ainda me sento sempre na beira. 

Porque eu me sinto sempre beirando a loucura quando eu tento atravessar essa camada fina de proteção?

Não há como boiar abaixo da superfície. Mas eu não estou me afogando. Então estou presa? Mas me sinto tão leve. Talvez eu esteja mergulhando.

Por que quero? Ou por puro condicionamento?

Eu sei que tem algo errado.

Às vezes, eu acordo e tem algo deslocado. O mundo deslizou 5cm para a esquerda.

Mas talvez seja só o meu óculos torto.

terça-feira, 5 de agosto de 2025

Terceira pessoa óbvia

 - Você já se perguntou por que isso continua acontecendo?

- O quê?

- Pessoas se encontrando e se perdendo ao longo do tempo.

        A memória falhava. Em frações do tempo ela lembrava de pessoas que já havia conhecido. Pessoas que ela tinha sido. Mas é como um sonho. Quanto mais você se esforça, mais ele escorre para longe.

        É inalcançável. Tentar medir o tempo que já passou. Coexistem memórias tão vívidas que parecem que foram de ontem e memórias completamente adormecidas tão distantes que parecem de outras vidas. E nem estamos falando de reencarnação.

        Ela olhava para a página em branco e pensava em quantas músicas foram trilhas sonoras e se ouvisse hoje seriam escutadas pela primeira vez, com uma leve sensação de déjà vu.

        As piadas internas. As pessoas com quem as piadas eram feitas. Simplesmente apagadas. Pensar sobre isso a fez perceber o quanto de si também foi apagado.

- As memórias nos fazem ser quem somos. Você não acha?

        Talvez aquilo que nos tornamos é a consequência de todos os acontecimentos que vivemos. Deve ter algo de alma para iniciar a história e dar uma predisposição a como reagimos, claro. Mas de resto é tudo passado.

        Nesse momento, ela parece cansada de tudo que já perdeu de si ao longo do caminho. E o desgaste além de nos diminuir, também dessensibiliza.

segunda-feira, 19 de maio de 2025

Mais desabafos

Eu acho que as pessoas confundem minha sensibilidade com fragilidade. Sim, eu sou muito sensível. Meu eu melancólico sofre e se matiriza por cada detalhe real ou hipotético. Mas eu continuo inteira. Às vezes parece que eu sou só ouvidos ou talvez jarro em que as pessoas despejam tudo que querem se livrar. E eu fico lá, receptiva. E ainda assim não me quebro. Pelo menos na maior parte do tempo.

Mas isso também não é a questão do momento. A questão é que talvez essa visão frágil que tenham de mim, faz com que as pessoas não me digam a verdade com medo de me ferir. Parece tudo uma grande ilusão e eu fico sem saber o que é real e o que é disfaçado para não machucar a delicada Roberta.

E aí eu não consigo acreditar. Até no que talvez seja real. A gente junta isso com meu incrível complexo de inferioridade e eu fico sem saída, a não ser me colocar sempre pra baixo.